DEVOÇÃO À NOSSA SENHORA DA PIEDADE

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DEVOÇÃO À N. S. DA PIEDADE

No inicio do século XVIII, os rudes moradores do chamado “Porto Guaypacaré” edificaram no local pequena capela dedicada à Virgem sob a invocação da Senhora da Piedade.
Esta devoção chegou até o Vale do Paraíba trazida das alterosas montanhas da Serra da Piedade, território de Minas Gerais, principalmente por fervorosos veneradores da Virgem cultuada no Colégio do Caraça, que se tornou famoso em todo Pais, fundado pelo notável eremita Irmão Leonardo, que ali viveu de 1770 a 1819. Anos depois, na década de 80 do mesmo século XVIII, assumiu o governo da Capitania de São Paulo e Minas, seu 13º Governador, Bernardo José de Lorena, o homem que Nuto Sant’Anna, em seu bem cuidado livro intitulado “São Paulo no século XVIII”, chama de “Lorena – o probo”, em reconhecimento à retidão do seu caráter e a lisura com que administrou os dinheiros públicos da Capitania.
Ainda recentemente, em sua edição de 21 de setembro de 1985, o Jornal “Estado de São Paulo”, referindo-se à homenagem que o povo da cidade de São Paulo prestara ao seu então Governador, na mesma data do ano de 1790, transcreve o seguinte trecho da Mensagem que lhe foi então enviada:

“O povo desta cidade, que hoje com tanta razão se gloria de ter V. Exma. Por alma ilustre, a cada canto não cessa de repetir-lhe o amado nome: Bernardo José de Lorena”

Dos laços da solida amizade que uniu Bernardo José de Lorena ao Irmão Leonardo, fala com carinho admiração o Imperador Dom Pedro II em seu “Diário da Viagem à Minas”, em cujas paginas colhemos a preciosa revelação de ter sido a devoção à Nossa Senhora da Piedade – alimentada entre o Lorena e o Irmão Leonardo – a inspiradora do Ato Histórico do Governador, que à 14 de novembro de 1788 elevou o povoado do “Porto do Guaypacaré” à categoria de Vila, conferindo-lhe direitos de unidade administrativas autônomas, sob o titulo de Vila de Nossa Senhora da Piedad, adjudicando seu nome patronímico “Lorena”

O TEMPLO
A tosca capelinha construída junto ao “Porto de Guaypcaré”, em 1705, tornou-se Matriz em 1718, sob a jurisdição eclesiástica do Bispado do Rio de Janeiro.
Foi aumentando o numero dos fiéis devotos de Nossa Senhora da Piedade cujo se afervorava na humilde capela de taipa socada, já por demais acanhada para conte-los. Foi quando o Vigário Padre Pedro Vaz Machado, tomou a iniciativa de aumentá-la e deu começo às obras em 1720.
Entretanto, ainda em 1856, quando Lorena tornou-se cidade, velho tempo ainda era taipa socada “por terminar” como disse o cronista Zaluar em 1860! Somente em 1886, foi iniciada a edificação da Matriz da cidade de Lorena, com o propósito de torná-la um templo grandioso, à altura da cidade, “Uma das mais ricas do país”
As obras foram confiadas à comprovada capacidade técnica de Ramos de Azevedo, o insigne arquiteto. Realiza-se com apurado carinho, graças à generosidade da inolvidável lorenense Carlota Leopoldina de Castro e Lima (Viscondessa de Castro Lima), genitora do saudoso Conde de Moreira Lima.
Entre os complementos indispensáveis ao templo, destacavam-se os vitrais para iluminação do seu interior, ofertados por tradicionais famílias lorenenses, entre outros, os seguintes:
São Paulo Apóstolo – pela família Macedo Costa
Santa Ceia – pela família Azevedo Morais
Santa Tereza – pela família João Henrique
São Pedro – por Maria Vicentina Pereira de Queiróz
São José – pela família Jerônimo Lorena
Nossa Senhora da Aparecida – por Pedro Vicente de Azevedo
Sagrada Familia – pelo Dr, Arlindo Braga
Imaculada Conceição – pela família Évora
Santo Antonio – família Galhanone.
O magnífico templo foi inaugurado em Janeiro de 1890. Também custearam as obras os governos dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, e subscrições populares levantadas em Lorena.
Em 1927, com a criação da Diocese de Lorena, tornou-se a Catedral um dos mais belos e litúrgicos templos católicos do Estado.
A Catedral de Lorena, tem seus alicerces no mesmo terreno onde em 1705, foi construída a tosca Capelinha de Nossa Senhora da Piedade.

Fonte: Arquivo Municipal de Lorena.

Rosângela Malerba Lorena, 18 de agosto de 2017.
Biblitecária-CRB/4062

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