A moda na Lorena de ontem: um ligeiro retrospecto da elegância feminia

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Organizando documentos do Arquivo Municipal, me deparei com este texto lindo, delicioso de ler, e cheio de fatos históricos da nossa cidade.

A Moda na Lorena de Ontem: um ligeiro retrospecto da elegância feminina. Texto de Silvio Junqueti, pesquisa feita com antigas Lorenenses.
A velha Lorena estando mais voltada aos costumes da Corte (Rio de Janeiro) porque todos os seus negócios eram feitos lá; trazia a influencia da moda tanto masculina como feminina. Vestir-se bem era vestir-se conforme a moda da Corte.
Tanto os homens como as mulheres iam buscar suas belas roupas para exibi-las nos saraus que haviam nas residências mais elegantes de Lorena.
As estatísticas de nossos livros históricos nos mostram grande número de costureiras, informando-nos assim, que as lorenenses sempre estavam renovando seus guarda-roupas.
As lorenenses sempre presentes na moda, tanto de indumentária como de passeios.
Houve um tempo, que o “chic” era passear no fim de semana, no bondinho puxado por burro, a 20 réis a volta toda.
Saía do Engenho Central, passava por estes itinerários: Rua Duque de Caxias, Praça, Rua da Piedade, Largo da Catedral, Viscondessa de Castro Lima, Rua Dom Bosco, Praça Conde de Moreira Lima, virando trecho do Super Mercado Pão de Açúcar, dobrando para a Rua Rodrigues de Azevedo, virando á direita, passando em frente ao Hotel Guarany e finalmente o Engenho Central, onde começava tudo de novo.
Uma cópia da fotografia deste bondinho que o Professor Helvécio Rossi, possuía, foi fielmente pintado por Nelson Lorena, de Cachoeira Paulista, que hoje encontra-se no Museu da cidade.
Confirmando que disseram os historiadores que por aqui passaram sobre a elegância, a cultura e a beleza das lorenenses, no birô que Dona Zenaide de Castro ciosamente organizou encontra-se uma foto já amarelada pelo tempo, mostrando a inauguração do 1º Hipódromo de Lorena, senhoras de vestidos longos, cintura fina, sombrinhas bordadas e inclusive, de chapéus, completando assim a elegância que ainda hoje se vê por ocasião dos grandes prêmios, a cada ano nos hipódromos de São Paulo e Rio de Janeiro.
Com o passar dos anos, as elegantes frequentavam a missa das 9 horas, celebrada por Monsenhor Arthur de Moura; sempre a Igreja lotada de fiéis. Após a missa iam mostrar seus vestidos no Mercado Municipal, dando voltas por dentro, na parte coberta até mais ou menos 11 horas. Para mostrar os seus vestidos, elas iam até lá com o pretexto de comprar alguma coisa ou visitar amigos.
Tempos depois, mudando os hábitos, passaram a ir esperar o Rápido Paulista, com seus viajantes de chapéus, muito “chics”, almoçando no restaurante do trem.
A estação superlotava de curiosos. Depois passeavam pelo lado externo do jardim, dando voltas em torno deles.
Estes passeios eram feitos somente aos domingos.
Com o evento do cinema mudo, a elegância lorenense se fazia presente na “soirée” nos dois cinemas: Guarany e Rio Branco.
Extravasando-se em vestidos bonitos, mais acurados por ocasião da festa de 15 de agosto, com eventos nos nossos clubes; Associação Comercial e Grêmio Lorenense, atual Hepacaré.
Bem antes, porém, as mulheres viram-se livres dos seus cabelos longos, que até então eram moda por toda a parte. Quem introduziu a moda no Brasil dos cabelos cortados “a La garçone”, foi a primeira Miss Brasil Zezé Lione.
Hoje, as lorenenses continuam na mesma elegância, apesar da moda estar bem variada e cada uma veste aquilo que fica melhor pra si.
As roupas, quase todas elas unissex, deixando a gente bem confuso quando uma delas passa e caso não repare bem, não se sabe a pessoa que passou é homem ou mulher.
E assim vai a moda, passando pelo tempo, e caros leitores, não fiquem de boca aberta caso passe por você um elemento vestindo roupas do tipo extra-terrestre.
ELEGANTES DE ANTANHO: Helena Saciloti, Lilia Franco, Julieta Autran, Nely Leite, Marinha Lacerda, Ziza Tavares, Geny Rios, Dolores Leandro, Dolores Seixas, Cirene Leite, Nice Leite, Carminha Freitas, Maria Salomé, as irmãs Almeida, Guiomar Carpinete, Natalina Spotti, Maria Gomes Ferreira, as irmãs Domenico e as irmãs Zerafim, Nair Faria, as irmãs Cartolano, Guiomar Barbosa Lima, as irmãs Torres, as irmãs Cardoso Machado, as irmãs Casseiro, as irmãs Marx, etc…
“Glória a todas as elegantes de Lorena de antanho, porque souberam elevar o nome de nossa cidade, às alturas da beleza feminina, deixando a todos que por aqui passaram, um sinal profundo de respeito às nossas mulheres: charmosas, cultas e elegantes.”
Posso dizer com certeza que as filhas de Venus residem nesta terra das Palmeiras Imperiais.
(Pesquisa feita com antigas lorenenses
Silvio Junqueti.
• Jornal Guaypcaré, Ano XI, nº 342. Lorena, de 14 a 20 de agosto de 1985. Coluna Clarim da Saudade de Silvio Junqueti.

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