Os Barões do Café sob as Palmeiras Imperiais.

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Palmeira Imperial – Roystonea oleracea.
Originária das Antilhas e norte da Venezuela, demanda de locais espaçosos e a pleno sol para o bom desenvolvimento.

A idéia de “clássico” é agregada a esse espécie como elemento paisagístico representativo o Império, e com a chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro. Naquela época, a questão da exploração de essências nativas ou exóticas era uma possibilidade de reverter o quadro econômico de Portugal, que também visava o exclusividade do cultivo dessa espécie, numa ferrenha disputa com a França, Inglaterra e Holanda.
Surgem então iniciativas, como a criação dos hortos botânicos, sendo o mais significativo deles o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Neste quadro são realizadas algumas experiencias para o cultivo do Café, e a introdução da Palmeira Imperial dá-se pouco tempo depois da chegada do Café.
A Palmeira Imperial, era a espécie preferida de Dom João VI, ficando estreitamente vinculada à imagem do Segundo Império e posteriormente à Primeira República.
É a “elite rural”, que apóia tais regimes segundo suas próprias conveniências e foi enriquecendo pelos otimos resultados financeiros obtidos da grande monocultura cafeeira. Assim tal percurso circunscreve-se às cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Lorena.
Lorena era importante ponte de inflexão de rotas e caminhos nos períodos colonial e imperial., foi durante certo tempo, a última fronteira do sertão na direção da Capitania de São Paulo, nascendo seu núcleo original justamente no ponto de travessia do Rio Paraíba em direção aos sertões de Minas Gerais. Descoberto o ouro, passa a ser ainda, em função da transposição do Rio Paraíba, ponto de descanso dos tropeiros que fizeram o fluxo aurífero.
Torna-se entroncamento de caminhos, já que, desde Lorena, as tropas vindas de Minas podiam erigir-se a São Paulo, ou após vencer a Serra do Quebra Cangalha descer a Serra do Mar, alcançar os portos de Parati, Mambucaba ou Ubatuba e então seguir por mar para o Rio de Janeiro.
No século XVIII, é de Lorena que parte o Caminho Novo da Piedade a estrada que fará a ligação terrestre entre São Paulo e a corte, essa situação privilegiada vai dar espaço para outras possibilidades ou seja, na geopolítica da colônia, torna-se um centro importante de articulação entre as três Províncias, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Dentro do conjunto do patrimônio urbano vale-paraíbano, Lorena destaca-se devido à existência na cidade, de algumas obras de Ramos de Azevedo, o mais famoso arquiteto paulista do período: a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade e algumas intervenções e reformas, como o Solar dos Azevedo, a Igreja do Rosário, e a Capela de São Migues das Almas, mausóleo da família Moreira Lima, no Cemitério Municipal.
Lorena sempre constituiu importante ligação entre o Rio de Janeiro e São Paulo, quanto à difusão do uso das Palmeiras Imperiais na capital paulista.
Do relacionamento da burguesia surgida em função da cultura cafeeira e o núcleo inicial da cidade, várias transformações vão tomar corpo, notadamente no ultimo quarto do século, revelando a tensão entre o caráter colonial do sitio e o caráter quase cosmopolita dos cidadãos de então, e reclamar “melhorias” às autoridades.
No rastro das mudanças da base produtiva, ocorreram mudanças nas relações sociais e consequentemente na vida e aparências das cidades, especialmente em Lorena. O “baronato” local, agiu no sentido de melhorar não só as condições de vida dentro de suas casas, como também transformar a vida da cidade em geral, pelo financiamento de melhoramentos, quer fosse em termos de infra-estrutura, quer em termos de ornamentação. Para tanto, a transformação dos espaços públicos passava pela negação do modelo colonial, das origens. Era preciso estar mais perto da Corte e dos hábitos cortesões, intenção refletida pelo tratamento dispensado às Praças da Imperatriz (atual Dr. Arnolfo Azevedo), da Matriz (Praça Baronesa de Santa Eulália) e à rua Direita (rua Viscondessa de Castro Lima) mais conhecida como rua das Palmeiras, que ostentavam requestes de Palmeiras Imperiais.
A identidade da cidade vai moldar-se a partir da adoção dessa linguagem, solene e transbordante de monumentalidade, para os espaços públicos, transformando-os em testemunhos de uma época de riqueza e ostentação. Atualmente nos cartões postais de Lorena. Não a toa, durante boa parte do século XX, a cidade adota como lema a frase “Terra das Palmeiras Imperiais”

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