O Outro lado do Político Arnolfo Azevedo – Músico e Poeta

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O outro lado do Político.
É como didinâmico Prefeito e atuante parlamentar que a memória de Arnolfo Azevedo é sempre lembrada e reverenciada.
Tocava piano, embora de ouvido, fazia versos, escrevia contos e compunha musicas.
Aos 13 anos de idade, quando ainda criança começou a compor uma Polca, da qual ele próprio vendeu dois exemplares a 1.000$000 (hum mil reis) cada uma.
Apaixonado que era pela musica, mais tarde escreveu “Três M amo no mundo: moças, musicas e … mamãe”. Sonhava com um piano.
Em 1884, depois de muita insistência, consegue autorização dos pais para alugar um piano. Mas seu sonho era realmente possuir um instrumento.
Em 1885, em homenagem ao dono do colégio onde estudava no Rio de Janeiro, compõem um hino ao qual dá o nome de “Oito de Dezembro”, quando entra para a faculdade Direito em São Paulo, compõem uma polca.
É no período em que frequenta a faculdade de Direito é que seu talento criativo explode em composições poéticas e musicais.
A criatividade musical do brilhante político, não produziu apenas musicas profanas, nem se limitou aos ledos da juventude. Era homem adulto e continuava inspirado e produtivo.
Compunha musicas religiosas, principalmente, muitas das quais contadas na Igreja Matriz de sua terra natal.
No campo das letras, muito mais que prosador, Arnolfo Azevedo foi um poeta, Aos 16 anos, sem o conhecimento do pai, publicava poesias em “O Seminário”, jornal que circulava em Lorena. Pelas publicações o jornal cobrava, mandando as contas ao pai do autor das poesias; mas a mãe do poeta interceptava as contas, para evitar que o pai se zangasse com o filho, e secretamente as pagava.
No triênio 1887-1890, entre poesias e contos, produziu 58 trabalhos.
Das poesias, algumas estampadas nos jornais “Correio de Itu” e “O Patriota”, este último de Lorena.
O ano de 1888 parece ter sido o mais fértil. São desse período pelo menos 34 poesias, umas trágicas, outras românticas e alguns acrósticos. Nesse feitio de composição, com muita habilidade formou interessante acróstico entrelaçando o seu nome com o nome (este carinhosamente usando o diminutivo) de sua musa (que mais tarde seria sua esposa). Assim ” AdRuNIOcLiFiOa” – Arnolfo e Dulcita.
Depois do ano da abolição sua produção decai. Sua inspiração decai, sua poesia retrai, só aparecendo esporadicamente. Como em 1929, neste ano escondido atrás de pseudônimos “Chove não Molha” – “Molha mas não Chove” e “Não molha Chove”, o poeta publica em três edições do Lorena-Jornal, sob o título de “Trovas do Carnaval” chistosas quadrilhas gracejando com pessoas da cidade. Seu anonimato era absoluto, ninguém, nem mesmo a direção do jornal, sabia que o autor da brincadeira era o respeitável Dr. Arnolfo Azevedo, Senador da República.
Na década de 30 o afastamento da Política, desperta em definitivo o poeta que jazia em hibernação no ex-parlamentar.
E no remanso da vida pacata que vai levando então na tranquila terra onde nascera, até ser vitimado por letal colapso cardíaco, a 14 de Janeiro de 1942, de sua pena jorravam versos em homenagem a amigos, filhos, noras e netos.

SAUDADE

O reboliço, que me cerca, é vivo;
Passam zunindo os automóveis loucos;
Bondes nos trilhos, dando guinchos roucos;
Vão timpanando no vai vem ativo.

Vozes discutem, dão risadas, gritam,
Cantam, blasfemam, num brandar constante;
Toca um quarteto, sem parar, maçante,
E os civis, de quando em quando apitam…

Tudo é ruido de alegria e gozo,
Tudo se expande, sob o céu formoso
Desta encantada e colossal cidade.

Só eu me isolo, neste triste quarto,
Cheio de tédio, do convívio farto,
Ralando todo de cruel saudade!

Arnolfo Azevedo.

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